Obras na Ponte de Guaratuba contemplam monitoramento da atividade pesqueira 03/02/2025 - 09:00

As obras da Ponte de Guaratuba, no Litoral do Paraná, contemplam ações ambientais para garantir a preservação do ecossistema local.
Uma das iniciativas é o monitoramento da atividade pesqueira, que tem como objetivo de levantar dados de pescados das comunidades tradicionais, visando a prevenir eventuais efeitos durante a construção da ponte.
O monitoramento é realizado nas sete comunidades situadas na área de estudo, identificadas durante o processo de licenciamento ambiental da obra, sendo elas Piçarras, Mirim, Caieiras, Cabaraquara, Parati, Prainha e Porto de Passagem.
Já o acompanhamento dos desembarques pesqueiros ocorre em 14 portos. Alguns desses portos são os trapiches de Piçarras, Rampa do Mirim, Caxeta, Cabaraquara, Prainha, Porto de Passagem, Praia Central, Praia de Caieiras e locais da área rural.
De acordo com o coordenador ambiental do Consórcio Supervisor da Ponte de Guaratuba, Robson Valle, entre as espécies mais capturadas nas regiões monitoradas estão os robalos, parati e o camarão sete-barbas. Ele detalha também a importância do monitoramento da atividade pesqueira para a região.
“Os peixes e outros organismos marinhos, como siris, camarões e ostras, são essenciais para o equilíbrio ecológico da baía e para a subsistência das comunidades pesqueiras e ribeirinhas, sendo uma fonte importante de proteína e renda. Nesse sentido, o monitoramento da atividade pesqueira é fundamental para identificar impactos do empreendimento na fauna local e avaliar sua influência na produção pesqueira de Guaratuba”, destaca o coordenador ambiental.
Participação da Comunidade Pesqueira
O oceanógrafo Gabriel Domingues de Melo, do Consórcio Nova Ponte, que é um dos responsáveis por organizar, sistematizar e analisar os dados coletados, enfatiza que o monitoramento só é possível devido à colaboração e o interesse das comunidades locais.
“O monitoramento depende diretamente das informações fornecidas pelos pescadores e nas visitas das equipes ambientais aos pontos de desembarque, onde coletamos os dados. No caso da Ponte de Guaratuba, a adesão dos pescadores tem sido excelente, o que se reflete em uma recepção positiva durante as visitas e na qualidade dos dados gerados. O engajamento das comunidades tem sido um ponto fundamental para o sucesso dessa iniciativa”, destaca o oceanógrafo.
A bióloga do Consórcio Supervisor da Ponte de Guaratuba, Aline Prado, também enaltece a integração com as comunidades pesqueiras.
“Os pescadores, com sua experiência diária no mar, são aliados essenciais no monitoramento, oferecendo uma visão única sobre o ambiente e a produção local. Esse trabalho conjunto tem sido fundamental para entender a influência da obra no ecossistema e na pesca”, diz a bióloga.
A profissional explica ainda, que o estudo tem proporcionado uma caracterização detalhada da atividade pesqueira da baía de Guaratuba. “Identificamos as espécies mais capturadas e as peculiaridades de cada comunidade, que, apesar de geograficamente próximas, apresentam características distintas”, completa.
Base de dados
Os principais resultados dessa iniciativa são a criação de uma base de dados, gerada pelo monitoramento da pesca e pela caracterização socioeconômica, e da atividade pesqueira das comunidades tradicionais.
Gabriel, diz que “essas informações são transformadas em produtos que subsidiam decisões e monitoram a atividade pesqueira nas proximidades do empreendimento da Ponte de Guaratuba”.
“Como oceanógrafo, considero trabalhos que gerem dados sobre a pesca no Brasil como de extrema importância, especialmente porque iniciativas desse tipo são raras no país, principalmente envolvendo a pesca artesanal, praticada por comunidades tradicionais em áreas estuarinas, como a Baía de Guaratuba. Por isso, as atividades de monitoramento da atividade pesqueira nos entornos do empreendimento da Ponte de Guaratuba são de suma importância,”, ressalta.
Os dados obtidos são comparados com dados de anos anteriores coletados por outras instituições públicas e privadas e os resultados são compartilhados com as comunidades a cada semestre, promovendo discussões participativas e, se necessário, abordando medidas necessárias para eventuais impactos identificados.
A Ponte de Guaratuba
O Governo do Estado está investindo R$ 386,9 milhões para a construção da estrutura, que tem previsão de entrega para abril de 2026. A obra é do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), autarquia da Secretaria de Infraestrutura e Logística (SEIL). Para conhecer mais sobre a Ponte de Guaratuba, basta acessar a página www.pontedeguaratuba.pr.gov.br.